Santos é TRI da Libertadores

25-06-2011 10:43

A conquista do Santos na noite gloriosa desta quarta-feira não poderia ter acontecido em melhor momento.

Foi a reafirmação da grandiosidade do futebol brasileiro quando o assunto é bola rolando, dribles, chapéus, gols, emoções enfim.

Os ingleses acabam de proclamar para o mundo que o “o futebol do Brasil morreu”.

Misturam a maldita e corrupta política com a bola correndo solta pelos gramados do mundo.

As dificuldades e mesmo os conchavos políticos que marcam os trabalhos em torno da organização da próxima Copa nada tem com a pujança do futebol pátrio nos gramados.

Este é grandioso e intocável.

O futebol do Brasil está vivo, mais vivo do que nunca e provou isso na noite de ontem num cenário místico que engloba algumas das passagens mais gloriosas de sua existência que deveria ser sempre escrita com letras de ouro.

Assim como o Maracanã mereceu um Santos campeão do mundo lá no passado o Pacaembu merecia esse privilégio de ver a redenção do nosso futebol quando lá de longe nos estão malhando.

Malhando, mas levantando sacos de ouro para tentar arrancar daqui nossas novas estrelas.

Sim porque no futebol brasileiro as estrelas, qual Vésper brilhante, nascem ao cair de cada noite gloriosa.

Deixemos os políticos que destroem as coisas belas do futebol e aproveitemos o momento para nos embriagar com a vitória que mostra quem é quem de verdade.

Falemos um pouco do jogo nervoso, brigado, com lances geniais em alguns momentos (e todos eles do Santos) e que sem ser um primor de espetáculo técnico teve os ingredientes das grandes decisões.

Onde houve até a batalha campal ao final e de onde os atletas santistas se safaram já que seu negócio era jogar bola e ganhar a Libertadores.

Se houve realmente uma invasão e um estopim deflagrado por um torcedor brasileiro que sirva de advertência para o país que vai sediar uma Copa do Mundo dentro de 3 anos.

Serve também o benefício da dúvida: quando se trata de partidas contra uruguaios e o travo amargo da derrota é por eles sentida a assimilação tem sempre detalhes muito torpes.

Fico imaginando o que teria acontecido se o Brasil é que houvesse vencido o mundial de 1950 e se o jogo fosse diante do Uruguai e em Montevidéu.

Alguém imagina que público e jogadores locais baixariam a cabeça e deixariam o campo chorando a tristeza da derrota?

Os uruguaios iriam convocar José Artigas, seu grande herói nacional e se multiplicariam em Obdúlios Varelas, mas estendendo a mão e cumprimentando o adversário é que não sairiam.

É só recordar os 3x1 do Brasil no Sulamericano de 1959 e que mesmo sendo em Buenos Aires virou batalha campal pelos uruguaios não suportarem a derrota.

O jogo de ontem poderia ter sido uma goleada se contabilizadas as chances desperdiçadas pelo nervosismo santista nos instantes decisivos.

Já começou nervoso desde os 3 segundos antes das 22 horas quando o argentino Sérgio Pezzotta deu a ordem para a bola rolar.

O Pacaembu tinha uma assistência de 40 mil e 157 expectadores e se uniam os torcedores inflamados por esse condenável foguetório e a fumaceira que provoca  a essa nova praga dos campos de futebol, as ondas de raios lazer.

Lá estavam também o governador, o prefeito, o Rei do futebol, enfim uma platéia onde se unia de tudo: do bom e do melhor: do mal e do pior.

Futebol é feito dessa amálgama que se transforma numa geléia geral e que não pode ser discriminada ou selecionada.

O JOGO EM SEU DECORRER

Primeiros 10 minutos muito nervosos; o Peñarol marcando com muito acerto e boa determinação tática e o Santos errando passes e concluindo mal.

Mas, concluindo.

Aconteceu duas vezes com Leo e com Durval.

Arouca, que ninguém sabe o porquê de não estar na seleção de Mano Menezes começa errando bastante.

Aos 12 minutos Rafael toma contato pela primeira vez com a bola.

O Peñarol está mais organizado dentro de seu propósito, mas o jogo é do Santos.

Aos 24 os uruguaios já cometeram oito faltas contra apenas uma dos brasileiros.

Elano está errando muito nas tentativas pela direita.

Ganso participa pouco, mas quando o faz a sua marca é sempre brilhante.

Aos 30, Gonzales, um caçador de tornozelos recebe de forma tardia o primeiro amarelo.

Vejo Elano cometendo erros, mas aos 32 cobra uma falta com perfeição e obriga ao goleiro Sosa a prática de uma grande defesa.

Aos 36 minutos o Santos já finalizou seis vezes e o Peñarol apenas uma.

Neymar, que já levou muitas, apresenta a sola de sua chuteira ao seu carrasco Gonzales e este leva a pior e tem que ser substituído.

Neymar recebe o amarelo.

Aos 42 Ganso recebe um soco na nuca, ação condenada até no boxe e o juiz, nem tchum.

A grande chance da primeira etapa acontece aos 43 quando uma linda jogada é trabalhada de Zé Eduardo a Neymar e deste a Leo que perde a maior oportunidade da etapa que vai terminar em 0 x0 em seguida.

Não sai gol no jogo entre esses dois times?

SEGUNDO TEMPO

O gol sai sim e logo na abertura da etapa final.

Uma jogada redentora de Arouca que rompe, gira para a esquerda e rola a Neymar.

O menino não despediça.

Um minuto e meio e o público finalmente pode explodir de emoção e alegria.

GOL DO SANTOS! GOL DE NEYMAR !

Cresce o futebol santista e a partida tem um dono definido: o Santos, velho de bola e de grandes conquistas.

Com uma diferença: agora quem dá bola são os meninos.

Corujo dá uma entrada criminosa em Arouca e tudo fica num pálido amarelo.

Arouca agora é outro. Ou melhor, agora ele é Arouca.

Repete a mesma jogada do gol de Neymar e exatamente com o mesmo só que agora o chute sai raspando o travessão provocando o uhhhhhh da torcida.

Aos 12, Zé Eduardo é amarelado em lance que nem falta aconteceu.

Positivamente o Sr. Sérgio Pezzotta se entende melhor com os que falam espanhol.

Aos 23, GOL DO SANTOS, grande gol de Danilo descendo da direita e chutando de esquerda na complementação de um passe de Elano.

Com 2 X 0 no placar basta uma olhada para a Taça em jogo para sentir que ela está sorrindo e dizendo: “Viva o Santos, viva o Brasil”.

Com 26 minutos o Santos fez 12 finalizações contra 3 do Peñarol.

Um desastre aos 35 minutos.

GOL DO PEÑAROL, gol contra de Durval.

Um gigante na defesa santista foi cortar um cruzamento que veio da direita uruguaia e jogou para dentro.

Estoyanoff ainda completou, mas a bola já tinha entrado.

Infelicidade pura do jogador mais regular em toda a campanha santista nesta Libertadores.

Deu impressão que os uruguaios se animariam e partiriam para o abafa, mas nada disso aconteceu.

Eram jogados 38 minutos quando Ganso perdeu chance que para acreditar só vendo.

Recebeu livre o passe de Neymar a 5 passos diante do goleiro, errou na finalização, a bola ainda saiu para a cabeça de Zé Eduardo que dando sequência à sua tremenda fase de azar cabeceou para fora.

Seria um gol, mas foram duas oportunidades que se ofereceram para consecução do mesmo.

Ganso, aparentemente extenuado sai para entrada de Pará.

São 43 minutos e a alteração de Muricy Ramalho não pode ser para segurar o resultado já que o Santos dá as cartas e joga de mão.

O Peñarol está visivelmente entregue.

E ainda haveria mais: Neymar tira do goleiro e a danada da bola bate no pé da trave e na volta Zé Eduardo (que fase!) pega o rebote e bota para fora.

Não há mais tempo para o terceiro gol e o placar do Pacaembu aponta 2 para o Santos 1 para o Peñarol, placar magro para uma gorda vitória.

Daí em diante acontece a explosão de alegria brasileira e a manifestação de inconformismo uruguaio.

O Santos exorciza sua derrota de 2003 e depois de 48 anos, em seu 100º jogo de Libertadores repete as lendárias conquistas da era Pelé em 1962/63.

O beijo paternal de Muricy Ramalho em Neymar vai correr mundo e mostrar que o futebol brasileiro está mais vivo do que nunca.

O Santos é a prova.

Que se acautele o Barcelona que já provou do veneno brasileiro.

Aquela vez foi o São Paulo, agora será o Santos.

DETALHES TÉCNICOS

SANTOS: Rafael; Danilo, Edu Dracena, Durval e Leo (Alex Sandro).

Adriano, Arouca, Elano e Ganso (Pará). Neymar e Zé Eduardo.

PEÑAROL: Sebastian Sosa; Gonzales (Albin e depois Estoyanoff), Valdez, Rodrigues e Dario Rodrigues. Freitas, Aguiar e Corujo. Mier (Urretavisgoi) Martinuccio e Olivera.

Juiz, Sergio Pezzotta, (argentino) que não coibiu o jogo violento e deixou de marcar duas faltas (reais) perigosas em Neymar julgando simulação.

Público pagante : 37.194 – Público total: 40.157.

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